Os concelhos medievais, criados pelas cartas de foral, eram locais onde o povo vivia melhor e tinha mais liberdade. Nessas terras estava excluído o poder dos senhorios. Os habitantes do concelho, chamados vizinhos, tinham o direito a eleger localmente, de entre si, os juízes para a aplicação da justiça.
Mas os povos queixavam-se muito dos abusos dos fidalgos e poderosos que influenciavam as decisões dos juízes da terra. Para garantir o cumprimento da justiça nos concelhos, o Rei de Portugal nomeava um juiz de fora, pessoa estranha à terra e que, à partida, seria imparcial a administrar a justiça. O cargo de Juiz de Fora surgiu em Portugal em 1327, com o rei D. Afonso IV.
Conta a lenda que um juiz de fora foi destacado para Mortágua para atender as reclamações que chegavam ao rei. Mas as suas decisões não corresponderam às necessidades do povo, que não gostou dele. Decidiu matá-lo. O rei, então, mandou um ouvidor para inspecionar e castigar os culpados. O povo tomou uma posição: unir-se e encobrir. Daí, à pergunta do oficial «Quem matou o Juiz?», todos respondiam «Foi Mortágua».
E o ouvidor foi dar parte ao rei de que nada conseguira averiguar!
Ano letivo de 2011-12
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