Sobral é a maior freguesia do concelho de Mortágua e a segunda mais populosa.
Ocupa uma grande extensão de superfície no extremo nordeste do
município. Para norte, confina com o concelho vizinho de Tondela. Para
leste, com o de Santa Comba Dão. Dentro do concelho, é delimitado a
ocidente pela freguesia da Pala e a sul por Vale de Remígio e por
Mortágua.
Atravessada pelo rio Mau, que nasce na serra do Caramulo e desagua na
Aguieira, e situada entre as ribeiras de Mortágua e de Almaça, é
composta pelos lugares de Calvos, Chão de Vento, Chão Miúdo, Cruz de
Vila Nova, Felgueira, Gavião, Mortazel, Pego Longo, Póvoa do Sebo,
Riomilheiro, Sobral, Tojeira, Vale de Paredes, Vila Gosendo, Vila Meã,
Vila Moinhos e Vila Nova.
Numa área de dez quilómetros, é banhada pelas
águas da Albufeira da Barragem da Aguieira.
O topónimo Sobral está relacionado, muito provavelmente, com a
existência de um grande número de sobreiros no seu território, em épocas
muito recuadas.
O povoamento da freguesia remonta a épocas recuadas da história do
Homem. A presença romana ficou bem assinalada através da criação de
villae, unidades económicas que se dedicavam à exploração agrícola. A
toponímia revela esta realidade em nomes como Vila Gosendo, Vila Meã,
Vila Moinhos e Vila Nova.
Mortazel é outro dos nomes de origem romana. Evoca um aquartelamento
militar desse período. Provém de Mortalae Cellae, os celeiros e adegas
das provisões do Exército romano no território de «Mortala».
Perto desse lugar de Mortazel, encontra-se o sítio de arte rupestre da
Lapa dos Mouros. Trata-se de um conjunto de insculturas em xisto, onde
estão desenhos de um machado com uma forma semelhante à palma de uma
mão.
Outros topónimos, como Póvoa do Sebo, apontam para um povoamento
posterior à fundação da Nacionalidade ou, pelo menos, à Reconquista
Cristã. Póvoa era o nome dado às povoações fundadas de novo, depois das
guerras entre cristãos e muçulmanos. Neste caso, a explicação é a mesma
que se utiliza para as várias terras do país que têm este nome: «Às
povoações fundadas de novo, isto é, de fresco ou recentes, aplicavam os
nossos antepassados, por oposição às pré-existentes, o nome de póvoas:
grupos urbanos, nascidos em geral à sombra dos forais, outorgados pelos
reis da dinastia borgonhesa, ou por entidades sucedâneas da coroa.»
(José Leite de Vasconcelos)
Durante a Idade Média, as terras da parte mais baixa da freguesia eram
reguengas, ou seja, pertenciam à coroa. Os caseiros pagavam as suas
rendas anuais directamente ao Tesouro Real. O foral de 1192, governava
então D. Sancho I, refere-o expressamente: “De foro do regaengo do
Soveral, in unoquoque anno dabunt duas fogaças de singulis almudis...”.
Aliás, na segunda metade do século XIII há documentos que comprovam que a
povoação de Sobral pertencia a D. Dulce, mulher do rei D. Sancho I.
Foi também nesta zona mais plana que se começou a projectar a estrada de
Mortágua até ao Caramulo.
Uma zona estrategicamente importante, esta, que nos séculos XIII, XIV e
XV tiveram senhorios no local ou pelo menos algumas herdades.
No que diz respeito ao património edificado, uma primeira palavra para a
Igreja Paroquial de Sobral, consagrada a S. Miguel. É um templo
elegante, cuja fachada, muito recortada, tem torre sineira adossada à
esquerda. Esta é dividida em três secções e termina em cúpula. Acima do
portal principal, moldurado, um pequeno óculo.
Na aldeia de Tojeira, situa-se o Santuário da Nossa Senhora do Bom
Sucesso. Recebe festa anual, muito concorrida, em Maio.
Para além do património edificado, temos as paisagens naturais como um
dos grandes atractivos da freguesia. A Albufeira da Barragem da Aguieira
será o caso mais paradigmático. A Praia Fluvial, situada junto à
ribeira de Mortágua e à Ponte de Vale de Açores, é um espaço marcado por
uma grande aprazibilidade.
Rodeada de muito arvoredo, dispõe de bar, esplanada e instalações
sanitárias de apoio. Os banhos podem ser concretizados na água da
barragem ou no chapinheiro, em forma de anfiteatro e pensado
especialmente para as crianças. Existe ainda uma área de merendas, um
campo de areia para jogos de voleibol e badmington e um espaço para a
prática da canoagem.
Existe ainda um Parque de Lazer na freguesia, ideal para quem procura
momentos de repouso e de lazer. Situado no largo da Sobreirinha, é um
espaço relvado e arborizado que dispõe de um pequeno Parque Infantil.
Tem ainda um marco em pedra com uma inscrição.
Fica nesta freguesia, no lugar de Chão de Vento, uma Escola de Cães
Guias. A referência justifica-se pelo facto de ser a única no país
vocacionada para a educação de Cães Guias para acompanhar deficientes
visuais.
A cultura popular é uma das riquezas da freguesia. Lendas milenares que
vão sendo transmitidas, oralmente, de geração em geração. Uma dessas
lendas é a de Nossa Senhora do Chão dos Calvos. Num vale, pelos fins do
Século XV, inícios do seguinte, um homem da freguesia do Sobral, que não
tinha cabelo, encontrou uma imagem da Virgem escondida na toca de um
castanheiro.
A notícia chegou aos moradores dessa freguesia, bem como aos de Pala. Os
do Sobral achavam que a imagem lhes pertencia, por isso a levaram para a
sua igreja. No entanto, a Senhora desaparecia desta igreja e voltava a
ser encontrada no buraco do castanheiro.
Apesar de ter sido levada várias vezes ao Sobral, voltou sempre ao seu
local primitivo.
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