quinta-feira, 23 de maio de 2013

Freguesia do Sobral

 Brasão da Freguesia de Sobral

Sobral é a maior freguesia do concelho de Mortágua e a segunda mais populosa. Ocupa uma grande extensão de superfície no extremo nordeste do município. Para norte, confina com o concelho vizinho de Tondela. Para leste, com o de Santa Comba Dão. Dentro do concelho, é delimitado a ocidente pela freguesia da Pala e a sul por Vale de Remígio e por Mortágua. Atravessada pelo rio Mau, que nasce na serra do Caramulo e desagua na Aguieira, e situada entre as ribeiras de Mortágua e de Almaça, é composta pelos lugares de Calvos, Chão de Vento, Chão Miúdo, Cruz de Vila Nova, Felgueira, Gavião, Mortazel, Pego Longo, Póvoa do Sebo, Riomilheiro, Sobral, Tojeira, Vale de Paredes, Vila Gosendo, Vila Meã, Vila Moinhos e Vila Nova.
Numa área de dez quilómetros, é banhada pelas águas da Albufeira da Barragem da Aguieira. O topónimo Sobral está relacionado, muito provavelmente, com a existência de um grande número de sobreiros no seu território, em épocas muito recuadas. O povoamento da freguesia remonta a épocas recuadas da história do Homem. A presença romana ficou bem assinalada através da criação de villae, unidades económicas que se dedicavam à exploração agrícola. A toponímia revela esta realidade em nomes como Vila Gosendo, Vila Meã, Vila Moinhos e Vila Nova. Mortazel é outro dos nomes de origem romana. Evoca um aquartelamento militar desse período. Provém de Mortalae Cellae, os celeiros e adegas das provisões do Exército romano no território de «Mortala». Perto desse lugar de Mortazel, encontra-se o sítio de arte rupestre da Lapa dos Mouros. Trata-se de um conjunto de insculturas em xisto, onde estão desenhos de um machado com uma forma semelhante à palma de uma mão. Outros topónimos, como Póvoa do Sebo, apontam para um povoamento posterior à fundação da Nacionalidade ou, pelo menos, à Reconquista Cristã. Póvoa era o nome dado às povoações fundadas de novo, depois das guerras entre cristãos e muçulmanos. Neste caso, a explicação é a mesma que se utiliza para as várias terras do país que têm este nome: «Às povoações fundadas de novo, isto é, de fresco ou recentes, aplicavam os nossos antepassados, por oposição às pré-existentes, o nome de póvoas: grupos urbanos, nascidos em geral à sombra dos forais, outorgados pelos reis da dinastia borgonhesa, ou por entidades sucedâneas da coroa.» (José Leite de Vasconcelos) Durante a Idade Média, as terras da parte mais baixa da freguesia eram reguengas, ou seja, pertenciam à coroa. Os caseiros pagavam as suas rendas anuais directamente ao Tesouro Real. O foral de 1192, governava então D. Sancho I, refere-o expressamente: “De foro do regaengo do Soveral, in unoquoque anno dabunt duas fogaças de singulis almudis...”. Aliás, na segunda metade do século XIII há documentos que comprovam que a povoação de Sobral pertencia a D. Dulce, mulher do rei D. Sancho I. Foi também nesta zona mais plana que se começou a projectar a estrada de Mortágua até ao Caramulo. Uma zona estrategicamente importante, esta, que nos séculos XIII, XIV e XV tiveram senhorios no local ou pelo menos algumas herdades. No que diz respeito ao património edificado, uma primeira palavra para a Igreja Paroquial de Sobral, consagrada a S. Miguel. É um templo elegante, cuja fachada, muito recortada, tem torre sineira adossada à esquerda. Esta é dividida em três secções e termina em cúpula. Acima do portal principal, moldurado, um pequeno óculo. Na aldeia de Tojeira, situa-se o Santuário da Nossa Senhora do Bom Sucesso. Recebe festa anual, muito concorrida, em Maio. Para além do património edificado, temos as paisagens naturais como um dos grandes atractivos da freguesia. A Albufeira da Barragem da Aguieira será o caso mais paradigmático. A Praia Fluvial, situada junto à ribeira de Mortágua e à Ponte de Vale de Açores, é um espaço marcado por uma grande aprazibilidade. Rodeada de muito arvoredo, dispõe de bar, esplanada e instalações sanitárias de apoio. Os banhos podem ser concretizados na água da barragem ou no chapinheiro, em forma de anfiteatro e pensado especialmente para as crianças. Existe ainda uma área de merendas, um campo de areia para jogos de voleibol e badmington e um espaço para a prática da canoagem. Existe ainda um Parque de Lazer na freguesia, ideal para quem procura momentos de repouso e de lazer. Situado no largo da Sobreirinha, é um espaço relvado e arborizado que dispõe de um pequeno Parque Infantil. Tem ainda um marco em pedra com uma inscrição. Fica nesta freguesia, no lugar de Chão de Vento, uma Escola de Cães Guias. A referência justifica-se pelo facto de ser a única no país vocacionada para a educação de Cães Guias para acompanhar deficientes visuais. A cultura popular é uma das riquezas da freguesia. Lendas milenares que vão sendo transmitidas, oralmente, de geração em geração. Uma dessas lendas é a de Nossa Senhora do Chão dos Calvos. Num vale, pelos fins do Século XV, inícios do seguinte, um homem da freguesia do Sobral, que não tinha cabelo, encontrou uma imagem da Virgem escondida na toca de um castanheiro. A notícia chegou aos moradores dessa freguesia, bem como aos de Pala. Os do Sobral achavam que a imagem lhes pertencia, por isso a levaram para a sua igreja. No entanto, a Senhora desaparecia desta igreja e voltava a ser encontrada no buraco do castanheiro. Apesar de ter sido levada várias vezes ao Sobral, voltou sempre ao seu local primitivo.

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