domingo, 27 de maio de 2012

O tempo dos meus bisavós através de uma fotografia a preto e branco



     Esta fotografia a preto e branco que retrata os meus bisavós surpreende-me frequentemente porque já tem muitos anos, teriam eles 50 anos de idade. É sempre requisitada para falar da família. Desta vez, levou-me a fazer perguntas que recuperaram algumas memórias do passado que servem para refletir e crescer.
    A fotografia não foi tirada ao acaso e de forma espontânea. Os dois posaram para o fotógrafo e nesta pose ficaram parados alguns segundos. Naquela época, a máquina fotográfica não era um objeto barato e fácil de manejar por quem não tivesse um pouco de conhecimentos técnicos, e ainda hoje é assim. A fotografia é uma necessidade de representação pessoal. É importante ter fotografias para mostrar à família e aos amigos... É uma atitude social. E permite conservar uma imagem que nunca mais se repetirá. Era nos estúdios com laboratório para revelar as fotografias que as pessoas podiam ser retratadas com facilidade e a um preço acessível. Este retrato foi tirado num estúdio, em Coimbra.
    O meu bisavô chama-se José Martins Cordeiro e, por incrível que pareça, já tem 94 anos de idade! Filho de José e de Maria da Espectação, nasceu no dia treze de junho de 1917 numa pequena aldeia do nosso concelho: Felgueira.
    Naquela altura, Felgueira tinha noventa habitantes, hoje tem duzentos. A atividade agrícola tinha grande importância para garantir a subsistência do dia a dia e, como os pais, o meu bisavô trabalhou na agricultura. Começou aos 8 anos de idade a juntar vides. Nunca foi à escola, como muitas outras crianças do campo.
    Em 1938, a tropa levou-o a partir para a Figueira da Foz, onde foi condutor de metralhadoras pesadas.
    Regressado à terra natal, começou o namoro com a minha bisavó, que era sua prima direita. Encontravam-se ao fundo das escadas da casa dela uma vez por semana. Mas sempre com a presença do pai da minha bisavó.
    Os meus bisavós casaram-se em 1945 e foram viver para Chão Miúdo, aldeia da minha bisavó, que pertence à mesma freguesia de Felgueira, Sobral. Tiveram três filhos. Trabalharam sempre na agricultura. Para o campo levavam os filhos, que acompanhavam os pais nos trabalhos agrícolas; ficavam num berço enquanto pequeninos. Os tempos mudaram e mudou o modo de vida das populações rurais e nos dias de hoje, todas as manhãs, os meus bisavós dão juntos um passeio pelas ruas de Chão Miúdo, onde ainda vivem.
     Os seus três filhos já têm netos e os meus bisavós têm bisnetos.
    Gosto desta fotografia e imagino os meus avós naqueles tempos, tal e qual. Foram tempos que esta fotografia não apaga!

Liliana Borges, 5.ºC
Ano letivo de 2011-12

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